segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Participe do livro Recria tua Vida! a expressão literária como direito humano



Há mais de seis mês nossas rotinas foram brutalmente interrompidas. Em função de uma ameaça invisível, a vida humana entrou em risco. Tornou-se perigoso caminhar pelas ruas, trabalhar em grupo, ir à praça, sair às compras, estabelecer contatos de qualquer tipo com nossos semelhantes. Nós, que somos seres de cultura e contato, fomos convocados a viver um período de reclusão, a que chamamos isolamento social.
Daí em diante, passamos a viver uma situação tão nova quanto assustadora. 

O teletrabalho nos colocou diante de uma nova relação com a tecnologia e também da ausência dela para muitos de nossos alunos. Nossa remuneração, que foi e continua sendo ameaçada, nos afastou mais um pouco da estabilidade e tranquilidade relativa que pensávamos ter conquistado depois de tantos anos de estudos e dedicação à universidade. Ainda nessa condição, estivemos mais protegidos que milhares de pessoas que não podem ficar em casa, por não gozarem de qualquer tipo de proteção social e precisarem buscar a cada dia o pão que se come no almoço (como os trabalhadores informais), por não terem casa (como moradores de rua), por precisarem se somar na luta contra a pandemia como profissionais da saúde ou da produção de insumos e equipamentos de segurança. Vimos ainda aqueles que, por arrogância, desinformação e manipulação, se arriscam em aglomerações, churrascos, atos públicos, ignorando que com isso põe a própria vida e a vida dos outros em risco.

Do dia para a noite muitos de nós nos tornamos educadores infantis, tutores, conciliando a educação com as tarefas domésticas que se multiplicaram. Nada mais  pôde entrar em uma casa sem ser absolutamente lavado, higienizado, limpo em minúcias. E a possibilidade de um colapso na produção e distribuição de alimentos nos fez temer não ter o que colocar dentro de casa.
Neste contexto, o medo vai crescendo com muitos figurinos: medo de perder o salário, medo do desemprego na família, medo de ficar sem comida, medo de se estressar com os filhos e parceiros pelas múltiplas tarefas e convivência encarcerada. E, no fundo, o medo maior da perda de quem amamos.... E junto com o medo que o medo dá, vem a angústia, por não sabermos exatamente quando e como tudo isso vai acabar.

Pensando nessas questões, temos um convite a fazer a vocês: estudantes, docentes ou técnicos da Universidade Federal do Piauí/CPCE. A proposta é que nos escrevam, a cada quinze dias ou um mês (até que tudo isso passe), textos sobre o que estão sentindo, fazendo, inventando, reaplicando, neste momento de pandemia. Cremos que se partilharmos nossas angústias e/ou estratégias de melhoria de vida, teremos mais chances de recriar, para melhor, a vida pós-pandemia. O próprio ato de expressar-se é uma recriação, nos ajuda a tomar distanciamento da situação e poder moldá-la conforme nossos desejos. Vocês podem escrever poesias, crônicas, contos, fazer um auto-retrato, poema, cartas aos entes queridos e distantes, aos seus companheiros de isolamento, ao mundo, a entidades, a você mesmo, a seu corpo (aprisionado neste momento), o que quer que seja. Podem assinar o texto, ou não! O critério é de cada um. Para que este critério seja respeitado, criamos um formulário no google que garante o anonimato se assim desejarem. 

Nosso propósito é reunir os textos e publicar um livro ao final da pandemia, uma obra cheia de sentidos, na qual possamos ampliar nossas vozes mais íntimas e verdadeiras. Não se trata de concurso literário. Defendemos o direito humano à expressão literária. Queremos produzir um livro plural, que seja capaz de transfigurar nossas emoções no contexto da pandemia e que sirva para dialogarmos com as novas gerações e com a história sobre este momento. Queremos o livro nos ajude lembrar como recriamos nossas vidas durante a pandemia. 
Prazo para envio dos textos: 20 de novembro de 2020

Link do formulário: 

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf76tyrVTGfRrY35ULviswzWmT7-8YqfldBVl-zaKiAmgmHkQ/viewform?vc=0&c=0&w=1&flr=0

















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